martelo2Neste sábado, 15, acontece o espetáculo-performance Martelo no CEU da Santa Maria da Codipi, às 19h. Mistura de corpo, dança e encenação, o trabalho traz o contexto do período da Inquisição, em que a caça às bruxas matou milhares de mulheres e que, na verdade, não acabou. O feminicídio no Brasil atingiu a marca de quase 60 mil mortes em 2014, segundo dados do Mapa da Violência; a violência contra as mulheres negras subiu 54%; a cada 11 minutos uma mulher é estuprada no Brasil.

Com coreografia de Júnior Sil, Martelo é resultado do Grupo Filhas D’agua, oficina de dança afro coordenada pelo Grupo Afoxá e se debruça sobre esse cenário que abafa a ancestralidade, as formas milenares de diálogos com a natureza e denuncia a colonização moderna.

O espetáculo tem como referência o livro Malleus Maleficarum, título original em latim (também chamado O Martelo das Bruxas ou O Martelo das Feiticeiras) publicado em 1486 ou 1487, como cumprimento à bula papal que autorizava criar um manual de combate aos praticantes de heresias – e que veio a se tornar o guia dos inquisidores pelo restante do século XV e seguintes.

Martelo também é mutável, assim como a água, visto que se adapta ou se desajusta e pode ser apresentado em palcos fechados ou na rua. Fruto de um processo de inquietações de Júnior Sil, Martelo foi recebido pelas Filhas D’água, que hoje se dedicam a um processo que está em construção no sentido de refletir e agir sobre a realidade das mulheres.