A exposição “Inventário Verde da Boa Esperança”, do artista piauiense Maurício Pokémon, chega em Recife (PE) a partir desta quarta (16) mostrando modos de vida de comunidades tradicionais que vivem e resistem em meio as grandes cidades do Nordeste do Brasil. Neste projeto, a Exposição destaca duas comunidades: Caranguejo Tabaiares, em Recife, e Boa Esperança, em Teresina.

O projeto faz parte do Circuito Funarte de Artes Visuais Marcantonio Vilaça 2023, e, além da Exposição, abarca Vivência entre coletivos das duas comunidades, mutirão pela construção de um espaço de encontro desta e ações futuras, além de Oficina de Fotografia e FanZine, ministrada por Pokemon.

A abertura, nesta quarta, dia 16 de abril, terá Roda de Conversa entre as matrigestoras das comunidades, Maria Lúcia Olivier (PI) e Sarah Marques (PE), com mediação do artista.

A Boa Esperança é uma comunidade tradicional ribeirinha, com grande variedade de expressões e manifestações afro indígenas no território dos indígenas Potys, berço da capital piauiense, Teresina. Ao longo das últimas décadas, ela vem tecendo redes e estratégias de resistência comunitária bastante eficientes, com impactos diretos e positivos sobre a vida local e no fortalecimento de outras lutas similares pelo país. Entre as estratégias estão a criação do Memorial Casa Maria Sueli Rodrigues, o turismo comunitário, a Biblioteca Afroindígena Entre Rios – com suas rodas de fuxico – e o Museu da Resistência Boa Esperança, que realiza instalações itinerantes em instituições, espaços alternativos, escolas e universidades, além de iniciativas contínuas em sua sede.

O Inventário Verde toma a fotografia como estratégia de confluência entre pessoas, comunidades e territórios,  gerando reflexões, interações e potencializando possibilidades de continuidade dos modos de vida plurais e diversos.

“Essas fotografias trazem aspectos da agricultura familiar desenvolvida nesses espaços. Halteres feitos de cimento, uma toalha de banho que traz um tigre estampado, padrões coloridos de roupas que imitam a natureza e outros objetos industriais desconstroem a possibilidade de uma imagem romântica e bucólica desse cotidiano”, comenta Raphael Fonseca, pesquisador nas áreas de curadoria, história da arte, crítica e educação.

O Inventário Verde surge a partir do reconhecimento de Maurício Pokemon sobre a pujança e estado de luta em que a Boa Esperança se encontrava na década passada (e que continua), quando os moradores se viram ameaçados de deixar a área em que vivem devido a projetos de “desenvolvimento” e urbanização para o local. Maurício Pokemon, a partir de uma aproximação com a comunidade,  passou a registrar parte do cotidiano comunitário. São fotografias analógicas feitas entre 2017 e 2019, acerca das relações que acontecem neste território, das pessoas com seu entorno, com outras formas de vida, na preservação do meio ambiente mesmo com a agressividade do crescimento urbanístico da capital.

Em 2019, 100 dessas fotografias compuseram a exposição fotográfica “Inventário Verde da Boa Esperança”, lançada em Teresina, no CAMPO Arte Contemporânea, e junto a comunidade, depois seguindo para São Paulo (Mostra Rumos), Belo Horizonte (Prêmio Décio Noviello) e neste mês de abril de 2025 chega em Recife, junto à Comunidade Caranguejo Tabaiares.

 

 

Toda programação é gratuita e contará com recursos de acessibilidade.

AGENDA:

Exposição

16 a 30 de abril de 2025

na Horta da Comunidade Caranguejo Tabaiares, em Recife-PE. Entrada franca

Abertura

Roda de Conversa com Sarah Marques, Maria Lúcia e Maurício Pokemon,

Dia 16, às 18h, na horta, ao lado do campinho.