Fernanda Silva, artista parnaibana, ao lado de Marcelo Evelin, realizam FEMINA, um conjunto de produções do que chamam artes vivas, uma mistura de histórias, memória e corpo. O evento acontece de 21 a 24 de fevereiro, no Campo Arte Contemporânea, e a programação conta com produções audiovisuais, espetáculos solo, entrevistas performáticas e a estreia nacional de “Uma Dança para Valeska Gert”, trabalho mais recente de Fernanda.

Cada noite de apresentação, sempre às 20h,  terá uma produção audiovisual e um espetáculo solo da artista parnaibana, seguido por uma entrevista conduzida por Marcelo Evelin. Essas conversas entre artistas vão abordar temas relacionados a processo e criação, dramaturgia e performatividade, referências e conceito.

A ideia de FEMINA, segundo os artistas, não é um movimento de olhar para trás, em retrospectiva, mas de olhar para dentro, em introspecção. A proposta é ser um mergulho arqueológico na obra de uma artista com intervenção crítica de um outro artista, buscando gerar um diálogo a partir de uma visão pessoal sobre arte performática contemporânea. O resultado deve ser um acontecimento de troca e partilha, um ato de presença, uma convocação à escuta, um espaço para corpos que não pedem licença para existir. Para Fernanda Silva, o corpo é a última e mais legítima das fronteiras — um espaço de prazer, resistência e criação.

Artistas: Corpos que ardem

Mulher trans, nascida em Parnaíba em 1977, Fernanda Silva carrega em seu corpo a travessia de uma arte que não se contenta em caber em padrões. Ela transicionou aos 37 anos, mas sempre soube que a identidade não cabe em fronteiras. “Quando fiz minha transição não imaginava ser ativista, mas isso aconteceu porque eu transionei e porque fui vítima de muitas violências. Foi quando eu entendi que meu corpo é luta, que eu sou toda a luta”, afirma.

Entre enchentes e espetáculos improvisados no quintal de casa, ela cresceu sob o período repressor da ditadura e aprendeu cedo que a arte pode ser um fôlego onde falta o ar. Sua trajetória na cena começou nos anos 1990, no Grupo de Teatro Metáfora, e segue viva, reinventando-se.

Com FEMINA, Fernanda Silva retorna a Teresina depois de apresentações em palcos da Alemanha, França, Portugal, Uruguai, Suíça,
Bélgica e Holanda.

Ao lado de Fernanda, na realização de FEMINA, está Marcelo Evelin. Bailarino, coreógrafo e pesquisador das artes do corpo, doutor Honoris Causa pela Universidade Federal do Piaui. Ele vive entre Teresina e Amsterdam e trabalha em vários lugares do mundo como artista independente à frente da Plataforma Demolition Incorporada, baseada no CAMPO, um espaço de Residência e Resistência das Artes Performáticas em Teresina.

CONFIRA A PROGRAMAÇÃO COMPLETA:

Sexta-feira, 21/02, 20h
Projeção de Ein Tanz fur Valeska Gert (um vídeo de Fernanda Silva)
Performance The Lady Macbeth
Entrevista performática TRANSIÇÃO (por Marcelo Evelin).

Sábado, 22/02, 20h
Projeção de FiLME (um filme de Marcelo Evelin e Danilo Carvalho)
Performance Antônia, uma luz que chora
Entrevista performática FANTASMAGORIA (por Marcelo Evelin).

Domingo, 23/02, 20h
Projeção de Camélia (um filme de de Fernanda Silva e Max Herrmann)
Performance Impossível estuprar esta mulher cheia de vícios (texto de Virginie Despentes)
Entrevista performática IDENTIFICAÇÃO (por Marcelo Evelin).

Segunda-feira, 24/02, 20h
Projeção de vídeos de Valeska Gert
ESTREIA NACIONAL da Performance Uma Dança para Valeska Gert (criação de Fernanda Silva)
Entrevista performática INVOCAÇÃO (por Marcelo Evelin)

SERVIÇO
Data: 21 a 24 de fevereiro de 2024
Horário: a partir das 20h
Local: Campo Arte – R. Agnelo Pereira da Silva, 3497 – São João.