Em um momento de recrudescimento do totalitarismo, em que discursos de segregação ganham força e visibilidade, é fundamental que se olhe para o passado em busca de histórias que nos lembrem de como a liberdade humana, tantas vezes comprometida e por outras tantas, dada como certa, é valorosa. As questões que surgem a partir daqui são sobre poder, violência, arbitrariedade e as intempéries climáticas.

 

De acordo com a pesquisa de Kênia Souza Rios, durante a seca de 1932 e por conta do êxodo no sentido área rural-Fortaleza, o governo do Ceará estabeleceu os chamados currais – espaços de contenção e controle para, sobretudo, tentar evitar uma explosão demográfica na capital cearense. Segundo Kênia, houve campos de concentração nas cidades de Quixeramobim, Senador Pompeu, Ipu, Crato, Cariús e na periferia de Fortaleza.

Com fotografias desses lugares onde existiram campos de concentração no Ceará, Fernando Jorge pretende suscitar perguntas acerca da liberdade e do poder de controle do Estado. As imagens buscam rastros e pistas desses espaços. Em alguns, as estruturas mais resistentes permanecem. Na maioria, já não há vestígios. Os currais de outrora dão lugar a campos de futebol, fábricas, casas, igrejas. Cercas.

Fernando Jorge é fotógrafo e professor de fotografia. Mestre em Comunicação e Artes pela Universidade Nova de Lisboa. Graduado em Comunicação Social pela Universidade Federal do Ceará. Seu trabalho Memento Mori foi contemplado com o prêmio Chico Albuquerque de Fotografia.

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