Sou tua e Senhora 

Sou tua e Senhora 

Partilho somente contigo  [quando a ti amo] 

Veemência e êxtase. 

Apenas contigo penetro à santidade 

E faço-me a Escolhida. 

A Tua. A do teu Tempo. 

Aquela que em segundos ínfimos 

É o espelho e a combustão. 

Não há paradoxo em te querer: 

Quero-te,  liberto-me! 

Eis o desafio de declamar para rochas: 

Existir, apesar da força das correntezas 

E dos mugidos dos ventos. 

Apartar-me de ti para sobreviver ao Amor 

E à desilusão de cada pacto rompido. 

É meia-noite e trinta e sete minutos! 

Lá fora, cavalos relincham. 

A lua partida ao meio ameaça fulgor e quietude. 

A realidade é uma invenção fantástica! 

 

Marinha 

Todos os dias, 

Afundo as mãos em Oceanos, 

Mergulho em enseadas e rios, 

Em busca do Silêncio. 

Entre juncos, musgos e algas, 

Encontro-me com a Solidão. 

Embarcações rubras dançam 

Valsinhas à beira do cais. 

Engano-me com a pacatez das ostras 

Deitadas sobre o esquecimento. 

Murmúrios sustam a letargia das Horas. 

As Deusas prevaricam informações, 

Demoram-se sobre os corais que cobrem os barcos. 

Busco, acintosamente, entre todos, a Ti! 

Busco-te em meio aos operários de Tarsila. 

Busco-te no arsenal de Rivera, 

Enquanto distribuo armas aos rebeldes, 

Enquanto, adrede, apaixono-me. 

 

Rita Santana nasceu em Ilhéus, Bahia. É graduada em Letras pela Universidade Estadual de Santa Cruz, atriz, escritora e professora. Em 2004 ganhou o Braskem de Cultura e Arte para autores inéditos com o livro de contos Tramela. Publicou ainda Tratado das Veias, Alforrias e Cortesanias, todos de poesia.

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Publicado na Revestrés#47. 

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