(Textos publicados na Revestrés #21 – Edição Renato Castelo Branco – 2015)
IN TRADUÇÃO
Traduzir a alma
para o corpo
é encontrar nos dicionários
a correspondência entre
Deus e derme
é trazer à superfície da palavra
silêncio do cerne.
Neste silêncio
que permanece silencioso
converte-se o Homem
em Babel
e tenta com todas as letras
refletir-se
num espelho de papel.
METAL INCORPÓREO
Tardes de Tadzio.
A pele que não toco,
deixa em minhas mãos
o metal do teu corpo.
Tardes de Tadzio.
O beijo que não encontra
a boca,
queima meus lábios
com os sais de tua saliva.
A tua prata, de brilho incorpóreo
– aos poucos –
me derrete em devaneios,
e faz evaporar
– numa estranha química –
estas intocáveis tardes
prateadas de desejo.