A TERRA E O SER
Chorar
desnuda
o ser.
A chuva
encharca
a terra.
O choro
limpa a alma,
molha o rosto,
lava o tempo
e a saudade.
O mar
escapa
pelas
artérias
da dor.
Chorar
é enxurrada
de beleza
que arrasta
as palavras
de amor.
A VESTE
Faz pouco fui tomado
pelo surto da beleza
passei instantes
combatendo ascese
sem alarde
Depois derramei
a poesia transcrita
em sânscrito de glória
Compartilho-te
porque somos vizinhos
irmãos de caravelas
paralelas
ao carvalhos em chuva
nos atalhos de veludo
Teus cabelos grisalhos
são meus talhos tardios
e meu sobretudo de retalhos
dormias
e eu bem perto cantava
BALADA DO FIM
Grande inspiração da existência
Musa da crença viva
invade-me agora um vazio
irreparável e nostálgico
Não foi bastante o amor
pois o canto parte sozinho
às lágrimas de sangue
Escrevo por acreditar
que o mundo é mutável
que os pássaros voam
e o destino é incerto
Mais tarde a noite é metálica
na compleição poderosa
do deserto firmamento.
***
Diego Mendes Sousa é poeta piauiense, filho de Parnaíba, advogado, indigenista e jornalista. É autor de 10 livros de poemas, entre eles, Metafísica do encanto (2008) e Velas náufragas (2019). Em 2013 recebeu o Prêmio Castro Alves da União Brasileiras de Escritores do Rio de Janeiro (UBE-RJ) pelo conjunto da obra.
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Publicado em Revestrés#48.
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