[Foto: Gert Weigelt]
Antes, ela é arte. E assim, pode ser tronco, raiz, caco, sangue e artéria. Depois é uma mulher, é mãe e é filha, e o que ela quiser. Me parece que ela pode ser tudo e atravessar com o seu corpo qualquer desafio.
Recuso-me trazer títulos, prêmios, viagens, conquistas, datas…Recuso-me a perder o tempo. Porque sua dança não deixa.
Desejo a sua dança. Ela vem a mim, absoluta.
Quando dança, eu a vejo mover sem tentar controlar ou fixar nada, ao contrário, expõem-se em constante transformação: um devir da natureza. Seu gesto primordial, devorador do irracional se antecede ao presente, tornando-se ponte para nos tornarmos humanos.
Eu leio o seu corpo no mundo, finalmente a entendo. Ela olha para mim, para dentro de mim e dança.
* Lina do Carmo é bailarina, coreógrafa e artista do corpo
** Luzia Amélia é bailarina e coreógrafa
(Publicado na Revestrés#29 – Fevereiro/Março 2017)