OLHOS NA PENUMBRA
para Jorgeane Costa
I
A omissão que nos
amputa o ócio
(não nos conta
a lenda épica)
entre tortuosos
caminhos que nos
destina a senda.
II
A digressão que nos
torna invisíveis
(sob musgos hibernais
de muros decadentes)
ante a culpa de um
condenado silente
à espera da morte.
III
Depreende-se
esse fantasma
que habita o silêncio
– como quem turva
as águas impuras –
no dilema e no feitio
das formas.
IV
meia-luz tudo é assombro,
(os olhos transidos e fixos
na passagem do tempo)
à meia-luz tudo é penumbra,
– a mão que corta, ignora
o escuro e a fotografia de Pound –
tudo se faz breu quando
se finda a noite na tua
pele nua.
V
A voz que evoca
o escárnio riso
– onde tudo para sob um
tempo imóvel –
gargalha na ínfima
ignota noite
que se esvai anímica.
REPOUSO
o dia se recolhe
na urgência dos mortais,
nos seus afazeres repetitivos.
à noite, à hora morta,
invade mansamente
a solidão daqueles
que divagam sem destino.
***
Dudu Galisa é poeta, ativista cultural e literário. Um dos organizadores do Sarau Flores Literárias, em Timon (MA), idealizado pelo poeta Salgado Maranhão.