Em 24 de março de 1960 nascia, em Teresina, uma referência para o jornalismo piauiense: Paulo de Tarso Moraes. Em apenas 26 anos de vida, dedicou-se à família, ao jornalismo, à literatura e aos movimentos sociais.

De olhar atento e curioso, desde garoto tinha a escrita como ofício. Era leitor assíduo, incentivador educacional e cultural. Formado em Filosofia pela Universidade Federal do Piauí (Ufpi), trabalhou na imprensa piauiense a partir de 1977 e recebeu o registro de Jornalista quando a profissão passou a ser regulamentada pela Lei Nº 7.360, de 1985, que assegurava o direito ao registro profissional de quem comprovasse exercício de atividade, pelo menos, nos dois anos anteriores.
Atuando em quase todos os jornais de Teresina à época – O Dia, O Estado e Jornal da Manhã –, Paulo de Tarso cobriu editorias de Geral, Polícia e Cidades, embora fosse em política que ele estava se especializando.
Articulado com os movimentos sociais, esteve à frente do Diretório Nacional dos Estudantes (DCE) da Ufpi, em 1982 e 1983, além de desenvolver trabalhos em comunidades de base e comunicação comunitária.
Também integrou a diretoria do Sindicato dos Jornalistas e participou ativamente do movimento Tomada dos Pelegos, do grupo liderado por membros do Partido dos Trabalhadores (PT) e Central Única de Trabalhadores (CUT), que lutavam para mudar as diretorias dos Sindicatos dos Bancários, Rodoviários e Motoristas. No meio político, era carinhosamente conhecido como “PT Moraes”.
Muito jovem, tornou-se referência no jornalismo do Piauí. Morreu aos 26 anos, de acidente, no mesmo dia em que se graduou em Filosofia pela Ufpi.
O jornalista também esteve engajado na busca por melhorias para a categoria, como a regulamentação do piso salarial para os profissionais da imprensa. Atuou como coordenador do Centro Piauiense de Ação Cultural – Cepac, com trabalho centrado nas periferias de Teresina, oferecendo cursos e palestras para a comunidade.
Por sua dedicação aos movimentos sociais e ao jornalismo, Paulo de Tarso recebeu várias homenagens póstumas, como o Concurso de Reportagem “Jornalista Paulo de Tarso Moraes”, promovido pela Prefeitura de Teresina. Hoje levam seu nome também a praça do bairro Mocambinho (conhecida ainda como praça da Telemar) e o conjunto habitacional do bairro Jacinta Andrade.
No campo literário, produziu poemas e contos. Porém seus escritos só foram publicados após sua morte – em acidente de moto no bairro Primavera, zona norte de Teresina, em 26 de julho de 1986, no mesmo dia em que se graduou na universidade. Ficou para a eternidade o livro Borboleta, organizado por seus amigos e lançado na Academia Piauiense de Letras (APL), em 1987.
Fico
(para Torquato Neto)
Fico,
porque a vida não me atrai
tanto quanto a morte
Fico,
sabendo que a companheira
será a solidão
Fico,
podem prosseguir a caminhada
porque só a morte me contenta.
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