“Que a história registre a partir de hoje”. Foi com esta frase que a Promotora de Justiça Luzia Ferreira da Silva Lima iniciou o álbum de fotos e recortes do filho que, aos 18 anos, decidiu tornar-se atleta profissional depois de inúmeras conquistas no esporte amador da capital piauiense. Se pressentimento de mãe ou mera coincidência, não se sabe até hoje. Mas, o que ninguém duvida, é que Rui Lima, de fato, entrou para a história como um dos maiores talentos revelados pelo esporte piauiense.

 

Em Teresina, onde nasceu no dia 10 de janeiro de 1959, Joaquim Rui Ferreira Lima brilhou não apenas com a bola nos pés. Era exímio atleta de handebol, destacava-se no futebol de salão e não deixava por menos quando o esporte da vez era o vôlei. Em um único dia, como atleta da Escola Técnica Federal do Piauí (hoje Instituto Federal Tecnológico do Piauí), foi campeão das três modalidades nos Jogos Escolares. E, antes do sol se pôr, cruzou em primeiro na prova de atletismo dos 800 metros. Quatro medalhas de ouro para a história do desporto estudantil.

Nos Jogos Universitários de Curitiba, em 1978, defendendo a seleção de handebol piauiense, estabeleceu o recorde de gols numa só partida em toda a história dos JUBs com 29 gols, marca superada somente cinco anos depois. Mas o futebol, jogado no campo, era a sua maior paixão. Com uma bola nos pés, sobrava-lhe talento e irreverência.

Com as camisas de Piauí, Flamengo, Portuguesa de Desportos, Marília e Juventus, os três últimos do futebol paulista, escreveu uma bela história, a ponto de ainda hoje ser lembrado, mesmo quase 40 anos depois da sua morte, ocorrida em 09 de abril de 1982, em decorrência de um acidente rodoviário na BR-343. Nome do troféu conferido ao destaque do Campeonato Piauiense desde 1986, teve pouco tempo para mostrar do quanto era capaz. Mas aproveitou cada minuto, de cada jogo, fosse qual fosse a competição ou a modalidade esportiva, deixando um rastro inesquecível de talento e alto rendimento na atividade que escolheu para merecer o registro da história.

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Severino Filho (Buim) é jornalista, historiador e escritor. Tem 12 livros publicados sobre futebol. Possui um acervo de futebol com cerca de 25 mil peças. É um dos ganhadores do Prêmio Abril de Jornalismo.

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Publicado em Revestrés#49.

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