Quando pensamos sexo tudo parece complicado demais. E não há nada mais simples. Nós nos acasalamos como e com quem queremos. Embora saibamos também que teremos de nos curvar diante das consequências de nossas escolhas. Não somos iguais, mas semelhantes. Sofremos e somos felizes pelos mesmos motivos, mas de maneira diferenciada. No fundo, tudo para nós é único e pessoal.

Tudo que faz doer, ensina, mas pode revoltar também. Nem tudo o que nos faz felizes traz em si aprendizados. Sofrer torna segundos em horas e horas em infinitos. Tudo que fere, demora. Tem tempo de nos ensinar. Dor é o momento mais intensamente vivido. O tempo é otimizado. A alegria encurta o tempo. Quando percebemos, passou e pouco foi aproveitado. Alegria é momento que foge na memória. Dor é sofrimento pungente na lembrança.

Penso que no tesão e no prazer estejamos mais perto uns dos outros. É obvio que quanto mais se souber, mais prazer se alcança. Mas independe de cultura, dinheiro ou posição social. Aquele estremecer, aquela força que se expande e nos dilata, é única para cada um de nós e igual para todos. Existem orgasmos e orgasmos. Há quem transe sem sentir nada. Mas aqui falamos de uma média.

Num barraco da favela, nem sempre há alimentação para as crianças quando amanhecer o dia. Mas, no escuro da noite, os habitantes colhem do corpo, a alma de seus prazeres. O mesmo se dá na mansão, nos apartamentos e nos motéis mais sofisticados. Espaço e o dinheiro não contam. O que vale é o carinho que pode leva ao gozo mais profundo.

O céu como teto, o universo como casa, o prazer como se tem e o gozo como se quer. Se existe algo que não aceita julgamentos de valores, é o prazer sexual. Gozar é

gostoso demais para que possa ser dimensionado pelo juízo humano.

Parceiros, parceiras. Formas e posições mais variadas. O corpo é a fonte do gozo, e a alma do prazer. O esganar, a dor e a delícia do gozo a nos sacudir, são quase uma espécie de loucura. Estamos sempre em processo e nunca terminamos de enlouquecer.

O prazer é como o pão. Esta para todas as mesas, o trivial. Aproximamo-nos quando oramos, mas nos misturamos intimamente quando gozamos. Na prece, povoamos os céus de pedidos. Na maioria, indevidos, já que pouco ou quase nada fizemos para merecê-los. Mas ao gozar, o homem se dá, se entrega ao prazer, é quase nada e, ao final, é tudo.

Eu saúdo o prazer de cada um. E desejo, do fundo de meu coração, que nunca falte na minha cama e na de todo ser existente.

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Luiz Mendes

23\02\2016