Haverá um lugar propício para o amor? Um espaço onde ele se manifeste com maior intensidade e volume? A cama? Não creio.

Antes, me parece, cada um tem o seu lugar para o amor, para viver seu melhor prazer. Conheci uma garota que gostava de modo no mínimo inusitado. Deslocava a cama para colocá-la em cima de cavaletes. Entrava para baixo com o parceiro para transar. Fora escondido embaixo da cama que se tornara mulher. E era ali, compactada pela cama, pressionada pelo companheiro e machucada pelo chão que vivia mais intensamente seu prazer.

Masoquista? Não creio. São fetiches, sensibilidades aguçadas que desejam vivenciar seus extremos. Censurar? Acho que já esta tão complicado para as pessoas usufruírem seus prazeres, que quando o conseguem, é preciso que sejam respeitados em suas intimidades.

Há quem goste no chuveiro. Se bem que tenda a bambear as pernas, mas, pode ser até um toque a mais de prazer. Sob a chuva deve ser muito bom. Aqueles raios todos, trovões e a eletricidade no ar… Excitante, imagino. Há quem goste na praia. Dentro do mar, corpos imersos, a leveza daquela água salgada a pressionar pôr entre as pernas… Com certeza é uma delícia, mas o sal queima e arde depois.

A mesa da cozinha é palco de muitos embates sexuais. Um tanto quanto anti-higiênico, mas como lavou já está novo, então os anônimos da cozinha estão mais que certos. O amor que se alimenta, nunca muda de endereço, ouvi dizer. Tapetes da sala, naves interplanetárias em busca de galáxias úmidas e satélites duros. Fere os joelhos e as costas, mas, tomando certos cuidados, uma boa pedida. Não muito criativa, mas enfim…

Na hora mais lúcida, escolher, inventar ou improvisar o espaço torna-se parte crucial da história. Até o telhado não escapa. Muitos tiveram suas iniciações masturbatórias em tais alturas. Era um ótimo resguardo da curiosidade alheia. Hoje, com os edifícios, ficou visível demais. O sujeito esta lá na laje homenageando a vizinha gostosa e centenas de binóculos o focam. Muita gente cuidando da vida alheia, por que será, hem?

De muita coisa é feita a vida. Alguns a fazem em áreas de estacionamento, por entre carros, muros da cidade, praças escurecidas, elevadores, matinhos, ou mesmo na cara de pau para que todos vejam. Gostam de se exibir, querem chocar. Nenhuma censura a eles. Apenas que senso de ridículo cai bem e percebam; não estão chocando mais ninguém.

Tenho um amigo que gosta de levar, furtivamente, suas parceiras para garagens de ônibus à noite. No fundo de ônibus vazios, na madrugada, ele faz sua festa.  Ouvi dizer de outro que gosta em cima de pontes e que, pôr vezes, na hora do prazer, se atirava dentro do rio. No interior do país, tudo bem, deve ser até saudável, embora dê para imaginar o choque do impacto. Mas já pensou um maluco desses se atira do Tietê em pleno centro de São Paulo? Quando chegar à margem, caso consiga chegar, estará podre e irrespirável. Não aconselho. O prejuízo menor será perder a parceira.

Enfim, cada um com suas estratégias de alcançar seus prazeres. Eu cá também tenho os meus e vivencio com toda naturalidade que sou capaz. No alto da montanha, no vale, ou em cima das águas, importa é ser feliz e viver toda alegria que somos capazes.

Luiz Mendes

11/10/2016.