Uma das criações mais geniais do homem é, sem dúvida, o computador. Uma máquina universal que processa e calcula tudo com números binários (de zero a um) com uma precisão espantosa. O mais incrível foi a história de seu inventor, Alan Turing. Ele fez a maior contribuição para a vitória aliada na 2ª guerra mundial ao inventar uma máquina chamada Colossus. Através daquela máquina que fazia cálculos extraordinários (escaneava cerca de 25 mil caracteres de uma vez) foi possível decodificar o código secreto alemão chamado de Enigma, tido como indecodificável. Os alemães faziam um círculo de ferro à Inglaterra. Com seus submarinos destruíam comboios de navios americanos com milhares de toneladas de alimentos quase que diariamente. Os ingleses já estavam passando necessidades e o alto comando seria forçado a se render para que o povo inglês não morresse de fome. O Enigma garantia a comunicação inviolável entre os submarinos e o seu comandante náutico, Almirante Canaris. Eram reabastecidos em alto mar e ficavam como lobos, em tocaia a todo navio que tentasse atravessar o atlântico e chegar à Europa. Alguns navios brasileiros, que levavam alimentos aos ingleses, foram afundados por submarinos alemães. Por conta desse e outros motivos, o Brasil, país estratégico para o domínio do Oceano Atlântico Sul, declarou guerra à Alemanha. Colossus quebrou o código, tido como indecifrável, orientando os comboios e a caça aos submarinos, salvando a Inglaterra da derrota.

Mas o preconceito humano, esse mesmo que hoje impulsiona os chamados “fundamentalistas evangélicos” e os homofóbicos, acabaram por destruir o gênio que tanto contribuíra para tirar seu país do sufoco. Fora uma pessoa perseguida desde a adolescência por seu comportamento inquieto e tido como arrogante, prepotente, de difícil convivência (como foram e são quase todos os gênios). Em 1952, ano em que nasci, Turing foi preso, julgado e condenado a um ano de prisão por ter contato físico/sexual com homens. Naquele tempo, era crime ser homossexual. Depois de cumprir a pena, foi proibido de trabalhar nas pesquisas que seu projeto inventara, porque desconfiavam que sua homossexualidade o tornava fraco para guardar segredos sigilosos de Estado. Dois anos depois foi encontrado morto por envenenamento com arsênico e considerado suicida.

O seu legado foi a revolução mundial dos computadores do final do século XX. Seres medíocres haviam, através de seus preconceitos ridículos e injustos, destruído a vida de mais um gênio da humanidade, como sói é de acontecer. Estava com apenas 42 anos de idade e ainda teria muito a contribuir, mas o preconceito o levou ao desgosto pela vida e, portanto, à morte.

Malditos preconceitos!

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Luiz Mendes