Nesses tempos em que as estruturas de tudo estão ruindo e deixando muitos de nós sem nenhuma certeza ou convicção muito amarradinha no cais das verdades absolutas, um alento: novas vozes, novos olhares, novos modos de pensar o mundo estão surgindo. Nem significa necessariamente que essas novas vozes sejam vozes jovens: sim, a meninada está se mexendo e criando novos paradigmas, mas tem uma gente há muito batalhando nos mais diversos campos que também está criando espaços, até pouco tempo inexistentes.
Nessa edição de Revestrés, a #41, trazemos algumas pessoas que estão aí, friccionando o mundo com o que tem à mão – e transformando, e resistindo. Um desses nomes é o nosso entrevistado: Renato Rovai, jornalista que, percebendo que tudo que era sólido já virou bits e bites, se jogou no jornalismo digital: transformou sua revista Fórum, antes impressa, em um dos veículos “”virtuais que mais crescem no Brasil – e falando sobre política. Não apenas falando: tomando posição, tentando de alguma forma interferir e fazendo jornalismo fora do mainstream.
Por falar em redes e posicionamentos, temos na edição uma reportagem que traz mulheres que criaram, na internet, espaços de discussões, debates e ativismos, no que já chamam de quarta onda do feminismo. Atuando a partir de grupos digitais, já transbordaram para fora do espaço “virtual”. São mulheres incríveis.
Na Vila Irmã Dulce, periferia de Teresina, jovens estão fazendo filosofia na praça. Isso: enquanto muitos dizem que a internet é a nova Ágora, tem gente no banco da praça questionando tudo. Leia o que fala a moçada do Perifala.
No meio de tudo disso, Revestrés esteve em Cannes, na França. Sônia Oliveira acompanhou muito de perto a premiação de dois filmes brasileiros, e conversou com os premiados. Bacurau, do pernambucano Kleber Mendonça, e A vida invisível de Eurídice Gusmão, do cearense Karim Ainouz, confirmaram o nordeste brasileiro como ponta-de-lança na resistência ao desmonte da cultura nacional. Um privilégio estar lá.
Batemos um papo longo – como não haveria de sê-lo? – com o interminável Jorge Mautner, que diz que o Brasil precisa ser o Brasil de Joaquim Nabuco e afirma que não há abismo em que nosso país caiba. Uma entrevista histórica, desde já.
E você vai conhecer o Newton. Professor de escolinha de futebol, zelador e que se descobriu artista. Newton Lemos é uma dessas pessoas que nos fazem acreditar que esse é um país que, um dia, vai dar certo.
Claro, tem mais coisas na Revestrés. Temos o ensaio de um belga, André Fromont, 70 anos de idade e uma das mais modernas produções visuais do mundo. Temos Getúlio Abelha, outro artista que nos empurra para a frente e nos faz questionar – e sonhar. Temos Geraldo Brito, um dos grandes músicos brasileiros e que tem os pés fincados no Piauí. Trazemos ainda a crônica sempre perfeita de Rogério Newton, e mostramos que tem gastronomia no Instagram.
Essa, então, é a Revestrés #41. Leia, e conte pra gente o que achou: hashtagueie seus comments na rede com #Revestres41 e não solte a nossa mão. Lembra? Ninguém solta a mão de ninguém!
Editorial da Revestrés#41-maio-junho de 2019.