Quando menos esperávamos, havia algo entre nós!
Já chegou ameaçando de morte: certezas, valores, amores, sobrevivência. E até você, democracia!
Com estes métodos, nos empurrou para dentro de casa e, sem cerimônia nenhuma, se instalou na sala, na cozinha, na rua e em todo lugar.
Como aquela música, que teima em não sair da nossa cabeça, repete que vai ficando. Sem pressa para ir embora. Caso seja do nosso interesse, pode ficar mais tempo! Mas, também, pode partir e voltar daqui a algum tempo, quem sabe?
Comunica sem falsa modéstia que está à nossa disposição para colocar tudo de pernas pro ar. Revira a rotina do avesso. Espana a poeira de lembranças antigas. Aviva memórias. Escancara dores, distanciamentos e violências. Inquieta os sentidos. Provoca mudanças. Sorrateiro, chegou na alcova.
E cá estamos nós com algo na nossa cama!
Sensação esquisita: parece um déjà vu.
Novas regras, velhas proibições:
– Boca?
– Não!
– Língua?
– NÃO!
– E mãos?
– Só se for ao alto ou com álcool?!
– Só olhar pode?
– Respeita o distanciamento… 2 metros, tá!
– E se for tipo… Virtual?
– Perigoso, né? Caiu na rede… Já viu!
– Parece uma praga! Que castigo! Vou imaginar, então!
– Melhor cada um se resolver sozinho!
Fronteiras fechadas. Caretice e segurança garantidas. Isolamento. Confinamento. Medos em alta. Desejos em baixa! Proibições… Fantasias. Obscenidades.
Imaginação à solta. Desejos em alta! Justificativas. Estratégias. Criatividade. Intimidade. Encontros furtivos. Só inventando um Kama Sutra do isolamento!
Futuro?
Viver, não sobreviver apenas!
Andrea Rufino é médica, sexóloga e psicodramatista. @andrearufino_
A cada terça e sexta um novo texto nessa nova seção. Acompanhe.
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