Reeleito, prometendo o fim da guerra do Vietnam, Richard Nixon estava de volta à Casa Branca. Desembarcado na Argentina, Perón cobiça a Casa Rosada. No Brasil, o governo Médici comemorava três anos sob o anúncio da morte de dois integrantes da organização política clandestina MOLIPO (Movimento de Libertação Popular) em choques de rua, em São Paulo. Na Bahia, concentrados, Caetano Veloso e Chico Buarque preparavam o show que reconciliava a alta política da MPB com a vanguarda pós-tropicalista. Em Veneza, morria, aos 87 anos o poeta Ezra Pround.
Foi em meio a esses acontecimentos pulverizados pelas manchetes de jornais de uma época conflituada que o letrista, jornalista, ator e cineasta Torquato Neto comemorou seu último aniversário, o 28°. Chegou em casa, no Rio, às quatro e meia da manhã do dia 10 de novembro de 1972. Conversou com a mulher Ana Maria até que dormisse. Pegou um lençol, entrou no banheiro, vedou as saídas de ar e abriu o gás. Num manuscrito lacônico, deixou o aviso, preocupado com o filho de dois anos: “Pra mim chega. Vocês aí: Peço o favor de não sacudirem demais o Thiago que ele pode acordar”. Encerrava uma trajetória pessoal, curta, difusa, mas instigante na cultura brasileira. Atos atomizados como sua personalidade fragmentária, porém incandescentes: cerca de 30 letras de música, outros tantos escritos esparsos sob a forma de poema e até roteiros ou manifestos (Vida, Paixão e Banana do Tropicalismo), alguns filmes em super 8 e uma breve militância no jornalismo, através da coluna “Geleia Geral” do Última Hora carioca, entre 19/8/1971 e 11/3/1972. Série breve, mas intensa, onde combatia, de novo, a música comercial e as trevas gerais. “Ele lutou muito para que as pessoas reconhecessem o cinema marginal do Rogério Sganzerla, do Ivan Cardoso, a arte de Hélio Oiticica, brigou pelos direitos autorais”. O inventário dos principais temas do peregrino cultural Torquato é feito por sua mulher Ana Maria. Ela organizou, com o poeta Waly Salomão, o livro que reúne os principais textos deixados por Torquato, Os Últimos dias de Paupéria (São Paulo, Ed. Max Limonad. 1982, 440p.). Ali, a metáfora do jovem poeta abatido em pleno voo, mito de nosso romantismo povoado de exemplos anteriores (Casimiro de Abreu, Álvares de Azevedo, Cruz e Sousa), ganha contemporaneidade e assume feição absolutamente particular. O questionador inclemente fustiga a si próprio sem parar. “Sentado aqui, escrevendo, paro e vejo bem lá dentro de mim, acesa, a luz que me guia para a destruição”, escrevia no período em que esteve internado no hospício do Engenho de Dentro. “Há urubus no telhado / e a carne seca é servida um escorpião enterrado / na sua própria ferida / não escapa, só escapo pela porta de saída”, avisa nos versos.
Uma biografia discreta. Torquato Pereira de Araújo Neto nasceu às 16 horas e 48 minutos, de 9 de novembro de 1944, em Teresina, no Piauí. Filho único do promotor público Heli da Rocha Nunes e da professora primária Maria Salomé da Cunha Araújo Nunes. Lia muito e não gostava de matemática, mas sempre foi um bom aluno até ser expulso do internato do colégio Marista de Salvador, onde também estudava, turmas avante, o filho de um médico do interior baiano, Gilberto Gil. Torquato tinha 17 anos e zanzava por Salvador quando conheceu, no meio artístico ainda incipiente da cidade, o já ex-colega, que hoje relembrava “Ele estava deixando de estudar quando eu o conheci, à beira do drop-out definitivo querendo se engajar, de uma vez, na coisa de música, de poesia”. Mas a parceria de Gil e Torquato, que resultaria em várias fases da obra do poeta, só seria detonada no Rio para onde ambos emigrariam. Torquato veio antes: tentou a Faculdade de Jornalismo em 1963. Na profissão, teria uma carreira picotada através de redações como as do Correio da Manhã, O Sol, do mencionado Última Hora e, mais tarde, jornais alternativos que ajudaria a fundar como Presença e o número único e célebre da Navilouca, breviário da era do desbunde, editado meses depois de sua morte.
Sempre na luta pela sobrevivência, trabalhou ainda em propaganda e gravadora, ajudado por providenciais reforços familiares enviados sob a forma de mesada. Os tempos eram carregados, e Torquato não deixou de registrá-los em cartas que escrevia a Hélio Oiticica, em Nova York: “A paranoia, com o perdão da palavra, grassa nos altos círculos. Ninguém sabe o que fazer porque a sufocação só deixa pensar em dar no pé. Mas, também, nenhum de nós está ponderando, uma droga. Não estão me dando meu passaporte, veja que grilo (…) Os homens estão se digladiando firme lá por cima, o quadro está sendo montado direitinho, na hora H só vai cair mesmo na cabeça da gente, (…) Parece que nem o Médici está segurando a cadeirinha lá dele. Barra pesadíssima. Tchau”.
Com os parceiros Caetano e Gil presos e, posteriormente, exilados após o AI 5, chegaria também a vez de Torquato partir. Paris. Nova York. Londres, onde conheceria Jimi Hendrix e Beatles: “Onde em Hendrix eu vi o espectro da morte?”, perguntaria mais tarde espantado com a visão premonitória. De volta ao Brasil, o afastamento dos antigos parceiros, a militância vanguardista cada vez mais radical e o progressivo isolamento pessoal, rastreável, aqui e ali, em sua poesia. Assunções demonológicas, como a do personagem Nosferatu, que encarnou num filme de Ivan Cardoso, sua incursão cinematográfica de maior repercussão. Torquato era ele mesmo uma figura enigmática, como a descrita nas palavras de Décio Pignatari, o ensaísta e poeta concreto que o exaltava como um high brow de amplo equipamento teórico, “incapaz de confundir Oswald de Andrade com Zé Celso Martinez Corrêa”. Torquato era o que “fala baixo como quem quisesse dar a impressão de que não estava falando ou não quisesse falar, ou de que tudo era redundante – e esse era o seu humor”. Companheiro de “andanças pelas noites do Rio” e de experiências em filmes super 8, o cineasta e poeta Luiz Otávio Pimentel classificava seu humor de hipodérmico: “um gypsimood forrozeiro penetrando os acontecimentos através de seus personagens íntimos ou instantaneamente aflorados, um cineac em trânsito”. Por sua vez, Waly Salomão, igualmente íntimo e culturalmente afim, define-o como “um pássaro de fogo naquele sentido de Stravinsky, de iluminação e queima ao mesmo tempo. Uma dose muito grande de antropofagia, acompanhada de outra de igual intensidade de autofagia”. Seguindo-o de longe, mas igualmente impressionado, o ensaísta e poeta concreto Augusto de Campos exaltou-lhe o desprendimento da cena final “com tantos lite-ratos dando sopa, se vendendo por um lugar ao sol, você deu as costas ao lugar e ao sol”. Calava-se um poeta na primeira pessoa, ao mesmo tempo anunciador e terminal.
Eu sou como sou
pronome
pessoal intransferível
do homem que iniciei
na medida do impossível
eu sou como sou
vidente
e vivo tranquilamente
todas as horas do fim
(Cogito)
Musicalmente, a obra de Torquato Neto pode ser dividida em fases e focos de interesse razoavelmente nítidos. Assim, há um Torquato tenro e terno inicialmente, prenhe de reminiscências e ecos de sua província e região. É tanto o Torquato de Minha Senhora e Zabelê, leves aquarelas, quanto o da rapisódica A Rua, todas em parceria com Gil. Nessa também, como nas anteriores, a ação corre narrativa e cartesiana: “Toda rua tem seu curso / tem seu leito de água clara / por onde passa a memória (…) separando a minha rua / das outras do Maranhão (…) eu volto pra matar essa saudade”. Esse mesmo Torquato regionalista cantaria, em inusitadas parcerias com Caetano, cenas enfáticas de Capitão Lampião (“deixo o meu rastro gravado / a fogo por onde passo”) e Juliana (“vou deixar tudo de lado / meu saveiro e meu pescado / só pra quando ela chegar”).
Com tão bucólico retratista, no entanto, convive o poeta engajado, de impermeáveis certezas. O de Veleiro, com Edu Lobo, por exemplo: “Vem depressa que eu tenho / o braço forte e o rumo certo / ah, que o dia está perto”. Aquele do Rancho da Rosa Encarnada, com Geraldo Vandré e Gilberto Gil: “A notícia da grande alegria que vem / pra durar mais que um dia / e ficar”. O tal da Louvação, retumbante sucesso da dupla Elis Regina e Jair Rodrigues no programa O Fino da Bossa da TV Record: “Louvo quem canta e não canta / porque não sabe cantar / mas, que cantará na certa / quando enfim se apresentar / o dia certo e preciso / de toda a gente cantar”.
É quase um código da época, linguagem dos CPCs (Centros Populares de Cultura), espalhados pelas faculdades brasileiras, que procuravam aproximar os universitários dos temas populares, através da pregação da revolução transformadora. No estro ágil de Torquato Neto, a metáfora da mudança costumava vir corporificada na passagem do vento, como é possível notar, novamente, em Veleiro: “Vou-me embora no vento (…) / vamos lá que esse vento traz / recado de partir”. Mas é na significativa Vento de Maio, com Gil, que as mensagens são passadas de forma ainda mais convincente: “Não demora vai chegar / aquele vento já vai soprar / vai romper o mês de maio / não é hora de parar / galopando na firmeza / mais depressa vai chegar”.
O Torquato assim tão liricamente categórico, o Torquato regionalista e o do choque térmico tropicalista que examinaremos mais adiante, entretanto, convivem com um traço comum a todos esses entes dissociados através de um filtro temático. No íntimo, ao longo de toda a obra, Torquato transparece tristeza e pessimismo em sua caligrafia afetiva. É o que se depreende tanto do clássico Pra Dizer Adeus (“Vou pra não voltar / e onde quer que eu vá / sei que vou sozinho”), com Edu Lobo, quanto do antigo e inédito Rancho da Boa Vinda, com Gil: “Tanto amor eu tenho pra dar / só que não achei pra quem”. Se ainda há uma leve incerteza quanto à caminhada solitária de Lua Nova (“quem me diz não ser perdida / essa viagem em quem vou?”), parceria com Edu Lobo, há trevas definitivas em Venho de Longe, com Gil: “Me deparando todo santo dia / com a certeza fria / de que a vida é ruim”. Existe um componente de fatalismo nas vigorosas imagens deste poeta terminal: “Desde que saí de casa / trouxe a viagem de volta / gravada na minha mão / enterrada no umbigo / dentro e fora / assim comigo / minha própria condução” (Todo Dia é Dia D, com Carlos Pinto). Do bloco tropicalista, a despeito da exuberância melódica, Marginália II, parceria de Gil, também antecipa: “Conheço bem minha história / termina antes do fim”. Algo que Três da Madrugada reforça, com um brilho cético nos versos: “Minha alegria cansada / e a mão fria, mão gelada / toca bem de leve em mim / saiba: meu pobre coração não vale nada”. Tanto nesse trecho quanto no da sarcástica e tropicalista Mamãe Coragem, o retirante, o solitário e o peregrino poeta sentem-se perdidos, enredados, no moto-perpétuo da “cidade que não tem mais fim / não tem mais fim”.
O motivo – tornando consequência poética – do choque sinaliza praticamente toda a produção dita tropicalista de Torquato Neto. É o momento translúcido da ruptura interior/urbana. É quando se opera a “bricolage Lévi-Straussiana”, de que falou Antônio Risério em seu ensaio O Ciberneta, a propósito de Torquato. Também é “amálgama dos opostos, a técnica da justaposição dos universos diferentes”, como escreveu Gilberto Vasconcellos no livro De Olho na Fresta (Rio de Janeiro, Ed. Graal, 1977). Ressaltam-se aí pregações do próprio Torquato, via textos telegráficos. Ao Tropicalismo, segundo ele, não bastava “derrubar o Príncipe e deixar que sobreviva o princípio”. Apontava: “Fogo no bom mocismo nacional”. E atirava certeiro: “Escute, meu chapa: um poeta não se faz com versos. É o risco, é estar sempre a perigo, sem medo. É inventar o perigo e estar sempre recriando dificuldades pelo menos maiores. É destruir a linguagem e explodir com ela”.
E o que pretendia esse movimento cultural, sintetizado pelo ideólogo Torquato no manifesto Tropicalismo Para Principiantes? “Um pop autênticamente brasileiro”. Repleto de “vivas a Vicente Celestino, César de Alencar, Emilinha Borba, bibelôs de louça e camurça, ternos de linho acetinado e gravatas de raion vermelho”. Contraposto por “fora nos Beatles e Rolling Stones”. Uma contradição em termo, como os contidos em A Coisa Mais Linda que Existe (com Gil), um rock na voz de Gal: “E ficar sem compromisso / pra fazer festa ou comício”. Valia a proposta oswaldiana de adotar a contribuição milionária de todos os erros. Repisava Torquato: “Eu quero é saber do novo / invés de quebrar a casca / eu quero é comer o ovo”. Recriava o idioma, a partir da incorporação de seus lugares-comuns, pequenos rituais e solenidades trocados de contexto. “Um poeta desfolha a bandeira / e a manhã tropical se inicia”, começa o emblemático Geleia Geral. E, logo adiante, provoca um choque térmico, fundido no refrão, uma tradição folclórica (o bumba-meu-boi) a uma influência musical estrangeira (o iê-iê-iê da Jovem Guarda da época), colocando-as em planos equivalentes: “ê bumba iêiêiê / é a mesma dança meu boi”.
A partir do título, pinçado num artigo de Décio Pignatari na revista Invenção (“na geleia geral brasileira alguém tem que exercer as funções de medula e osso”) essa canção-manifesto pinta as cores do movimento que abalou a MPB no final dos anos 1960, sacudindo os festivais de música com suas propostas incendiárias. “A alegria é a prova dos nove”, estabelecida mais adiante a mesma Geleia, citando Oswald de Andrade. Contrário a certa linearidade poética da bossa-nova, o posterior ao tropicalismo (que duraria, na prática, só o conturbado ano de 1968, interrompido pelo AI-5), instaurava a exegese como prática recorrente. Paródias e citações multiplicam-se no texto rico do tropicalista Torquato sem que as canções percam em fluência ou coloquialismo. A singela marchinha carnavalesca Yes, Nós Temos Banana ou o ufanísta Minha terra tem palmeiras são recondicionados no clima angustiante de Marginália // (“Pão seco de cada dia / tropical melancolia / negra solidão”). O Bertolt Brecht de Mãe Coragem ressurge, exatos 30 anos depois, sob a saga nordestina: “Mamãe, mamãe não chore / a vida é assim mesmo / eu fui embora / eu nunca mais vou voltar por aí (…) pegue uns panos pra lavar / leia um romance / veja as contas no mercado/ pague as prestações”. O bom filho, que à casa não tonará, como o que se perdeu “entre a cozinha e o corredor” em Deus Vos Salve a Casa Santa (parceria com Caetano) rebate anátemas poéticos conservadores ainda na mesma Mamãe, coragem (com o mesmo parceiro): “Ser Mãe é desdobrar fibra por fibra os corações dos filhos”. E devolve conselhos “Leia Elzira, a Morta Virgem / O Grande industrial” (Títulos de cordel então consumidos no nordeste com um poder massificador semelhante ao das atuais novelas de televisão).
Tanto podia ser um título de crônica de Rubem Braga (Ai de Ti, Copacabana transformada na aflita Ai de mim, Copacabana), quanto hinos pátrios: “Salve o lindo pendão dos seus olhos” (Geleia Geral); “Minha amada idolatrada / salve, salve o nosso amor” (Nenhuma Dor). Nada escapava ao tropicalismo decupado por Torquato. Uma das fontes inspiradoras desse movimento, que reuniu, num memorável LP em 1968, Caetano, Gil, Gal, Tom Zé, Nara Leão, Os Mutantes, o maestro Rogério Duprat e os letristas Torquato Neto e José Carlos Capinam, foi sem dúvida, o artista plástico Hélio Oiticica. Num texto de março de 1968, Oiticica falava de sua intenção com a exposição Tropicália, inserida no movimento da Nova Objetividade: “Uma imagem brasileira total, para a derrubada do mito universalista. A cultura brasileira é toda calcada na Europa e América do Norte, num arianismo inadmissível aqui. Quis criar com a Tropicália o mito da miscigenação”. Em depoimento posterior, transcrito no livro Cultura e Participação nos anos 60, de Heloísa Buarque de Holanda e Marcos A. Gonçalves (São Paulo, Ed. Brasiliense, 1982), Caetano Veloso faz uma reavaliação: “Acho que o Tropicalismo teve grandeza não só por que arrombou a festa ou porque falou do arcaico e do moderno, mas porque nós tivemos grandeza no ato, eu, Gil, Torquato, Gal, Rogério Duprat, o teatro, o cinema, o Hélio Oiticica que fez a obra que deu nome ao movimento e que o Luiz Carlos Barreto pegou e botou na música. A gente fez essas coisas com grandeza, colocando em xeque a pequenez dessa elite colonial que é a sociedade brasileira. Uma nação que ainda não é inteiriça, que não acontece, onde as coisas não rolam e onde as pessoas não tem acesso a quase nada”.
A admissão das guitarras e do equipamento eletrônico, a junção das formas anglo-americanas (Bob Dylan, Jimi Hendrix e Beatles à frente) a uma MPB em fase de industrialização e a abertura tanto para o mau gosto (Vicente Celestino teve seu Coração Materno cantado por Caetano no LP Tropicália) quanto para a vanguarda musical (Rogério Duprat, Júlio Medaglia, Damiano Cozzela) e poética (irmãos Campos, Décio Pignatari) resultaram num episódio cultural de teor explosivo e efêmero. As marcas do tropicalismo, entretanto, multiplicam os opostos do vanguardista Arrigo Barnabé e do brega Eduardo Dusek. A poesia de Torquato foi redescoberta por Paulo Diniz, que musicou Um Dia Desses Eu Me Caso Com Você e dedicou-lhe o LP Canção do Exílio (Lança, 1984) e, também, fizeram o mesmo com o poema Go Back (WEA, 1984). Sinais da permanência do “único mito poético dessa geração”, como o classificou seu póstero Paulo Leminski, para quem ainda: “Torquato era o poeta das elipses desconcertantes, dos inesperados curto-circuitos, mestre da sintaxe descontínua que caracteriza a modernidade”. Elíptico, aliás, até o fim, na última parceria, com Macalé, onde o autoretrato caústico (fundindo Drummond e Souzândrade, devidamente repaginados) enuncia um fértil legado a um só tempo inconformista e transformador:
“Quando eu nasci / um anjo muito louco / veio ler a minha mão / não era um anjo barroco / era um anjo muito louco, torto / com asas de avião / eis que esse anjo me disse / apertando a minha mão / com um sorriso entre dentes / vai, bicho, desafinar / o coro dos contentes” (Let’s play that).
Tárik de Souza é Jornalista e Crítico Musical
Texto publicado originalmente anexo ao disco O poeta desfolha a bandeira, da Polygram.
Revestrés#33 – outubro-novembro de 2017, Edição Especial Torquato Neto.