As necessidades atuais impõem o uso das novas tecnologias de informação e de comunicação como forma de sobrevivência profissional e social. Isto se reflete diretamente na educação, quando da atuação do professor. Caso o profissional de educação permaneça à margem das mudanças advindas das inovações tecnológicas, há o risco efetivo de que os educandos não satisfaçam às demandas de mercado de trabalho e da sociedade contemporânea. Neste contexto, uma das estratégias para fomentar o emprego das tecnologias como recursos educacionais, acentuando a inter-relação comunicação e educação, é a possibilidade de ampliar o uso de filmes em sala de aula. À semelhança de outros recursos – matérias jornalísticas, músicas, vídeos, jogos, cantigas de roda, etc. –, eles podem enriquecer as discussões acerca de temáticas específicas e atuar como elemento facilitador para que estudantes de nível diferenciado e de faixas etárias distintas acessem outro tipo de discurso e de linguagem, no caso, o audiovisual.

Desde princípios do século XX, os meios de comunicação passaram a integrar a rotina dos cidadãos, seja no âmbito pessoal, seja no âmbito profissional. No início, com a expansão dos impressos, a difusão da rádio e a magia do cinema. Posteriormente, com a telemática, relacionada com a manipulação e o emprego da informação resultante do uso conjugado da informática, das telecomunicações e dos meios audiovisuais. São recursos provenientes da adaptação de formas tradicionais de comunicação com a eletrônica que assumem novas facetas e denominações.

Quer dizer, face ao acesso cada vez mais facilitado e à disposição crescente do cidadão “comum” (incluindo o educando em níveis distintos) para o uso das inovações tecnológicas, nota-se que elas estão se incorporando às esferas histórica, política, social, econômica, cultural e, especialmente, à educação. Isto exige a compreensão do processo educativo e suas aplicações, já que influencia e sofre a influência de numerosos e diversos campos. Cada vez mais, a concepção de educação contemporânea incorpora a formação plena do indivíduo e suas potencialidades quase infinitas da comunicação ocupam lugar de destaque, contribuindo para as permanentes mudanças sociais. Como decorrência, é inegável o poder atual atribuído aos povos e às nações que valorizam a informação e conseguem convertê-la em conhecimento, confirmando a força da denominada sociedade da informação ou sociedade do conhecimento ou, ainda, sociedade da aprendizagem.

Dada às demandas atuais, a relação entre comunicação e educação, designada nos primórdios como Pedagogia da Linguagem Total, se estreitou muitos nas últimas décadas, gerando nova área de formação e atuação, a Educomunicação. A priori, desenvolvida na Europa, na França e na Espanha, em pouco tempo se disseminou pelo mundo e ganhou adeptos, a exemplo dos brasileiros Ismar de Oliveira Soares, José Marques de Melo e Adílson Odair Citelli, que passaram a ser defensores desta prática.

“Trocando em miúdos”, a educomunicação consiste na utilização dos meios de comunicação para gerar informações e conteúdos voltados aos procedimentos educacionais dentro da perspectiva de formação permanente do ser humano. A tônica reside na adesão de profissionais que integrem equipes para o desenvolvimento de projetos educacionais nos mais diversos meios (emissoras de rádios e televisões, portais e sites, jornais e revistas, etc.) e espaços distintos (creches, escolas, faculdades, universidades, etc.).

Dentro do processo irreversível de alfabetização midiática, o educomunicador se torna peça fundamental, por conta da multiplicidade de seus campos de atuação. Exemplificando: pode pesquisar e compartilhar conteúdos com professores e alunos em bate-papos on-line, videoconferências, blogs; pode assessorar qualquer ONG, veículos de comunicação, estabelecimentos de ensino e órgãos públicos em projetos de comunicação e educação.

Na atualidade, no Brasil, ainda não há profissionais brasileiros formados na área específica de educomunicação. Em breve, sim. A Universidade de São Paulo (USP) lançou em 2010 a primeira Licenciatura em Educomunicação do país. Logo em seguida, a Universidade Federal de Campina Grande, Paraíba, formatou um Bacharelado em Educomunicação. Decerto, são iniciativas que podem ser adaptadas a novas instituições. Quem sabe o Piauí não segue a tendência e cria algo nos mesmos moldes? Ganha a comunicação, ganha a educação!

*Allison Dias Gomes é doutor em Comunicação pela Universidade de Salamanca, na Espanha

(Artigo publicado na Revestrés#07 – Março/Abril 2013)