Achei meu lugar nestes dias e este lugar é a Cúpula dos Povos, evento da agenda paralela à COP 30.

A Cúpula dos Povos é um movimento autônomo da sociedade civil que reúne redes, organizações sociais e povos tradicionais.

Há muitas lideranças populares e de organizações civis, formalizadas ou não, de vários lugares do mundo, mas principalmente do Brasil e da América Latina. Pode ser um exagero, mas é pelo menos razoável dizer que os povos do mundo estiveram e estão representados na Cúpula dos Povos, que começou dia 12 e termina neste dia 16, em Belém, transformada por estes dias em um dos lugares mais importantes do planeta.

Por que estou falando sobre a fundamentalidade de Belém nestes dias?

Porque a Cúpula dos Povos deu voz e expressão aos anseios da chamada sociedade civil global, representada pelas populações que mais sofrem com os impactos das mudanças climáticas e do sistema econômico que alimenta a máquina da destruição dos ecossistemas e produz assimetrias e desigualdades sociais em todo o planeta.

A melhor prova da pujança, do entusiasmo e da energia participativa deste movimento ocorreu na manhã de sábado, 15, durante a Marcha Global pelo Clima, que percorreu ruas e avenidas do centro de Belém, do Mercado São Braz até a Aldeia Amazônia, onde ocorrem os desfiles de carnaval. Alguém lembrou a campanha Diretas Já, que ganhou as ruas do Brasil na década de 1980. Mas a Marcha Global pelo Clima é muito mais ampla. E os tempos são outros (sendo os mesmos).

A Cúpula dos Povos deu voz e expressão aos anseios da chamada sociedade civil global, representada pelas populações que mais sofrem com os impactos das mudanças climáticas e do sistema econômico que alimenta a máquina da destruição dos ecossistemas e produz assimetrias e desigualdades em todo o planeta.

Foi uma manifestação plural dos povos da América Latina, Caribe, Ásia, África, de gente do mundo inteiro, pois estavam ali, segundo estimativa divulgada, 70 mil pessoas não só do chamado Sul Global. Todos formaram uma voz que deve ser ouvida pelo mundo inteiro. E essa voz não é só verbal. Com os corpos, o colorido das roupas, os símbolos, as bandeiras, faixas, cartazes disseram, de forma direta, sem meias palavras, o que o mundo precisa ouvir e praticar.

Além de tudo, foi uma Marcha alegre com músicas, danças, pinturas, desenhos, teatro e outras expressões espontâneas, literal e metaforicamente, no calor da hora.

 

A Marcha Global pelo Clima não propôs superficialidades, mas mudanças de paradigmas.  Não é possível conviver com o sistema econômico global que mantém e alimenta a “engrenagem organizada e fria” da modernidade materialista e ególatra.

Além de tudo, foi uma Marcha alegre com músicas, danças, pinturas, desenhos, teatro e outras expressões espontâneas, literal e metaforicamente, no calor da hora.

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Rogério Newton é poeta, cronista, romancista. Está na COP 30 – Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025, em Belém-PA, e nos conta o que anda vendo e sentindo.