Tenho ouvido e observado coisas , pessoas e, sobretudo, comportamentos que antes não me chamavam a atenção. Um dia, conversando com o meu amigo Cícero Filho (desses que são verdadeiros oráculos particulares), percebi que, a certa altura, o homem passa a sentir necessidade de fazer parte de um clã, em que os poucos amigos têm em comum manias, piadas e anseios… principalmente anseios. Ainda distantes da senilidade, mas já depois de balzaquianos, enveredamos num papo acerca da vida que foi e da que virá. Surgiu, é claro, a frase tão conhecida, encontrada na obra de Eça de Queirós: “Plantar uma árvore, escrever um livro e ter um filho”. Eu, internamente, pensei que já fiz as três coisas e estou muito longe da sensação de dever cumprido. Aliás, está mais pra dever comprido do que cumprido. Essa sensação não me pertence, definitivamente. Passeei um pouco pela lembrança que tive de Drummond, no seu texto A imagem no espelho, no maravilhoso livro O sorvete e Outras histórias. O texto cria uma nova maneira de escrever as suas memórias, ele defende a ideia de que o melhor é fazer isso aos 20 anos, pois as aventuras serão mais fiéis e “terão a graça das coisas verdes”. Imagine ter o poder de projetar a sua vida, baseada tão somente em vitórias e júbilo. Mera quimera! Perdoem-me a rima medíocre. Outrossim, seria igual devaneio borboletear pela vida sem enfrentar os reveses. Passo a discussão para o terreno da minha profissão: professor de cursinhos preparatórios para concursos públicos.
Meus alunos são pessoas vencedoras, já de saída. Abdicaram de paixões, prazeres e dias de sol. Muitas vezes são seres enclausurados, desbotados e sem assunto que não seja um edital aberto, uma questão anulada ou uma revisão de Português anunciada. São meus protegidos. Como eu os admiro! Mal sabe o concurseiro que eu sou o seu maior fã. Se possível fosse, eu arrombaria a porta da aprovação e o colocaria lá, na esfera pública, seu lugar por merecimento! Não sendo possível fazer assim, faço como posso. Todos os dias, manhã, tarde e noite, ensino tudo o que sei sobre a língua portuguesa. Mas não pense que só eles aprendem, eu saio transbordando de ensinamentos sobre dedicação, fé e motivação. Costumo dizer que são necessários os três pilares do sucesso: recurso, tempo e dedicação. Recurso para investir num bom material, num bom cursinho, num bom professor; dedicação para enfrentar as inúmeras dificuldades que surgirão; tempo para usufruir daquilo que o recurso te proporcionou, com a dedicação que você possui. É isso! Na vida, no trabalho, em casa…. você sempre vai precisar de recurso, dedicação e tempo. Lute pelo alinhamento desses pilares, você consegue. Boa sorte e boa-fé fazem muito bem. Lembre-se: NÃO FORCE A BARRA, A AMIZADE E A COLUNA.